S.O.S. Amigo Bicho para de funcionar por falta de recursossexta-feira, 22 de janeiro de 2010
Desde 2004, a ONG (Organização Não Governamental) S.O.S. Amigo Bicho vinha desenvolvendo em Irati um trabalho que ia além da recuperação de animais, um trabalho de solidariedade e amor com os bichinhos.
Na última semana, porém, uma triste notícia foi repassada pela presidente da entidade, Andrea Leite: a paralisação das atividades por tempo indeterminado.
Segundo ela, a S.O.S. Amigo Bicho já vinha passando por dificuldades financeiras, pois o custo com remédios, intervenções cirúrgicas e ração acontecia apenas com a colaboração das pessoas envolvidas na causa, e também com recursos próprios.
“Acumulamos uma dívida de mais de R$ 8 mil, e tivemos que parar com as atividades, pois não temos verba para continuar o trabalho que vínhamos fazendo há seis anos”, afirma.
Outro problema que a ONG ainda encontra é o acúmulo de animais nas próprias residências de seus colaboradores, que passavam de 130 bichos. “O objetivo da entidade era a recuperação de animais debilitados e o encaminhamento para adoção, mas as pessoas estavam distorcendo o nosso trabalho e achavam que as nossas residências eram depósito de animais”, lembra.
Durante todos esses anos, a entidade propôs vários projetos às representações políticas. Com base em modelos de projetos de outros municípios, a presidente da entidade formulou a construção de um centro de zoonose, cujo objetivo era o trabalho de canil público, controle de população canina, castração e atendimento veterinário.
“Seria um espaço adequado, para que principalmente fossem feitas as castrações desses animais para sua doação”, lembra Andrea.
CONSCIENTIZAÇÃO
Um dos problemas enfrentados pelo município é a falta de conscientização das pessoas que deixam seus animais livres nas ruas. Consequentemente, esses bichos promovem o caos, revirando lixo, defecando nas calçadas e também colocando em risco a segurança de crianças e a saúde pública.
Além disso, o abandono dos animais de estimação cresce a cada dia, segundo Andrea, principalmente de fêmeas com seus filhotes, que são soltos à beira de estradas e em casas de família. “As denúncias de abandono acontecem até cinco vezes ao dia, e muitas vezes são os próprios donos que ligam para que nós busquemos os animais. Isso já estava ultrapassando nossos limites”, lembra.
Nos bairros, o problema é ainda maior, quando falamos em aumento de população canina. Segundo a presidente, nos bairros de maior vulnerabilidade deveria ser feito um trabalho ainda mais intenso de conscientização e de castração.
SOLUÇÕES
Para que a ONG volte às suas atividades, o primeiro passo, segundo a presidente, é que a dívida constituída seja paga, “Temos o compromisso de quitar as dívidas com as pessoas que, de alguma forma, também colaboraram, muitas vezes cobrando um valor menor do que o de mercado para possibilitar as operações, rações e tratamentos necessários de alguns cães”.
Num segundo momento, uma das propostas da entidade seria uma subvenção mensal, a disponibilização de um profissional veterinário e de remédios para que possa dar um suporte maior para o Amigo Bicho.
“Infelizmente, as ideias apresentadas precisam de recursos e, para isso, da mobilização de empresários e do poder público para que o município acabe não tendo um descontrole de animais soltos em ruas”, ressalta Andrea.
PREFEITURA
Segundo o prefeito Sergio Stoklos, é do conhecimento o alto índice de abandono e da necessidade de um local próprio para abrigar e cuidar daqueles que necessitam.
“Ano passado aconteceu uma reunião entre os membros da entidade e disponibilizamos um terreno no parque industrial, de 8 a 12 mil m², para que seja construído um local apropriado”, ressalta o prefeito.
Sergio ainda disse que a prefeitura entraria com uma contrapartida de R$ 30 mil para a construção e obras necessárias. “A proposta continua valendo caso haja o interesse da entidade, pois é de nosso interesse manter a ordem e a saúde pública”, afirma.
Agora, resta esperar para que esse problema seja solucionado e os projetos realizados, porque quem mais sofrerá, caso a ONG tenha seus trabalhos interrompidos, serão os animais indefesos e abandonados, que não poderão receber cuidados especiais.